Apresentação
O Instituto de Humanidades e Letras da Universidade da Integração Internacional da Lusofonia Afro-Brasileira – Campus dos Malês, no Recôncavo Baiano, por sua natureza interdisciplinar, oferece um meio propício a experiências de pensamento que não podem ser adequadamente abordadas segundo os pressupostos dogmáticos do modo de produção da Filosofia. Assim, ao deixar-se guiar pelo horizonte de composição de um modo de produção e prática do conhecimento assentado sobre a multiplicidade e a transversalidade dos saberes, exercido no âmbito de coordenadas institucionais ao mesmo tempo locais e transnacionais, tornadas possíveis respectivamente pelos requisitos da interiorização e da integração internacional com os países lusófonos e, mais amplamente, com o Sul Global, a Filosofia pode encontrar um espaço para abordar e, eventualmente, se conjugar com o que chamaremos, a partir de J.-Ch. Goddard, de “performance”. O pensamento é performance, seja no plano conceitual (filosofia), no plano sensível (artes), ou ainda no plano epistêmico (ciências, saberes, “políticas da natureza”, cosmologias, etc.).
As performances de pensamento recobrem modos de produção de conhecimento e de conceitos dentro e fora da academia e resistem à história da racionalização colonialista Moderna. Irredutíveis aos modelos majoritários tanto da Razão euro-centrada quanto de seus termos opostos, na origem de “falsos dilemas” e centrismos de toda sorte, as performances de pensamento que interessam a este Grupo de Pesquisa devem poder contribuir para a efetuação de verdadeiros processos de “descolonização permanente do pensamento” (Eduardo Viveiros de Castro), através do descolocamento ou excentricização dos termos da dicotomia, da construção de um mundo novamente comum. Na medida em que uma descolonização dessa natureza ao mesmo tempo envolve construções metafísicas singulares e se manifesta numa multiplicidade de situações materiais, existenciais, corporais, numa relação do “território” com a “Terra” e o “Cosmo”, segundo vetores variáveis de “desterritorialização” e de “reterritorialização”, as performances de pensamento que a efetuam devem ser objeto de uma “Geofilosofia” (G. Deleuze e F. Guattari).
Se a disciplina filosófica no Brasil foi importada e aclimatada institucionalmente sob o signo da famosa “Missão Francesa”, marcando indelevelmente sua filiação à interioridade histórica do Ocidente e, portanto, às suas dicotomias estruturantes, nada impede que nos voltemos para performances re-instauradoras da Filosofia, aquelas que implicam, ao invés do comércio espiritual, quer dizer, meramente especulativo com a Europa – prolongamento imaterial, e em sentido inverso, do escoamento colonial das matérias-primas (Jean-Christophe Goddard) -, uma efetiva relação com outras experiências de pensamento não euro-centradas, segundo outras coordenadas geográficas, políticas, cosmológicas, existências, corporais, etc. Para além ou aquém da especulação na filosofia, propomos a prática de proliferação e de variação de perspectivas, a qual passa pelas inesperadas capacidades transformadoras do corpo e não pelas representações especulares do espírito, uma nova geografia cosmopolítica do pensamento: “o espírito recusa-se a conceber o espírito sem o corpo”, afirmava Oswald de Andrade. Visamos, pois, re-apreender, através de alianças com outras performances de pensamento, a dimensão tensiva e performática da própria Filosofia, obnubilada pela bela alma especulativa do filósofo.
O Grupo de Pesquisa Geofilosofia e Performances de Pensamento está cadastrado no Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq e foi certificado pela PROPPG – Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós Graduação da Unilab. Os coordenadores do Grupo atuam no Instituto de Humanidade e Letras – IHL Unilab – Campus dos Malês, fomentando atividades de pesquisa e de extensão, reunindo estudantes de graduação e pesquisadores colaboradores de outras IES brasileiras e estrangeiras.
Endereço para acessar espelho do grupo: dgp.cnpq.br/dgp/espelhogrupo/3649277650562668