I Encontro de Geofilosofia da UNILAB

 

Apresentação

O I Encontro de Geofilosofia da Unilab busca promover um espaço de apresentação de trabalhos em filosofia que se interessam pelos problemas relativos ao corpo, à política, às artes e à literatura, às culturas e aos territórios, às cosmologias e aos saberes do “Sul”. Com previsão de realização entre os dias 13 e 14 de outubro de 2016, o evento é promovido pelo Grupo de Pesquisa Geofilosofia e Performances de Pensamento, do Instituto de Humanidades e Letras, e reunirá  professores e pesquisadores de diversas universidades brasileiras e de institutos federais. O Encontro tem como público alvo estudantes do curso de Bacharelado em Humanidades da Unilab e, de modo mais amplo, estudantes de universidades da região do Recôncavo Baiano. Sua programação busca, em primeira instância, oferecer uma abordagem introdutória a temas, problemas e conceitos da filosofia que possam contribuir para a formação dos  discentes em Humanidades e para as atividades de pesquisa do Grupo. Contudo, cabe ressaltar que a organização do evento supõe uma pré-compreensão que envolve um objetivo mais amplo para seus organizadores, seus convidados e que pode ser eventualmente objeto de interesse para os participantes.

Argumento

Com efeito, trata-se de fomentar um espaço para problematizar o sentido da filosofia em uma universidade do “Sul”, um espaço que se quer pluriversalista e decolonial, ou seja, em que as produções européias não mais são tomadas como sistemas fechados com pretensão universalista e em que, ao mesmo tempo, as produções não-européias, quaisquer que sejam, marcadas por uma compreensão racial, étnica e/ou nacional/continental como africanas, asiáticas, americanas, brasileiras, negras, ameríndias, etc., não mais são julgadas como sistemas fechados condenados à particularidade. Isso não significa ignorar que a pretensão universalizante das filosofias européias (elas mesmas compreendidas ora como filosofia francesa, alemã ou inglesa, ora como continental ou insular, etc.) e a presunção da particularidade dos “outros” constituem um dos fundamentos daquilo que o pensamento decolonial chama de “modernidade/colonialidade”, ou seja, o fato de que a expansão européia moderna implica em si mesma uma relação com os “outros” marcada pela sua negação, sua inferiorização, sua desumanização, não somente no plano jurídico-político, econômico, etc. (colonialidade do poder), mas também no plano da produção do conhecimento (colonialidade do saber) e dos diferentes modos de existência (colonialidade do ser). Assim, considerar doravante essas produções filosóficas como processos singulares de racionalização não significa eludir o fato da modernidade/colonialidade, mas considerar que, à sua crítica, é necessário acrescentar, conforme aponta com pertinência Lewis Gordon, a operação de universalização do particular e, ao mesmo tempo, de particularização do que se pretendia universal. Reivindicando uma concepção geográfico-ambiental da experiência do pensamento que se inspira certamente nos filósofos G. Deleuze e F. Guattari, mas que busca evitar alguns de seus pressupostos ainda eurocêntricos, o espaço do Encontro não considera a geofilosofia como tema específico ou especial para abordagem de especialistas, mas como pré-compreensão para um fazer plural em que filosofemas, sabedorias populares, mitos, religiões, cosmovisões tradicionais, meditação, Weltanschauungen (africanos, asiáticos, europeus, hindus, candomblecistas, islâmicos, xamânicos, etc.) são tomados pelo que eles são, quer dizer, como performances de pensamento ou variações intensivas que contribuem para o alargamento de um sistema em permanente abertura, para a incessante produção de novidade e de diferença no mundo, para a invenção de modos de imaginar mundos e de viver. A geofilosofia aponta, dessa maneira, na direção de um multiversalismo cosmopolítico em que diferentes filosofemas envolvem meios ou planos de realidade diversos, mas também para uma experiência de transversalidade e de travessia que é imediatamente abertura ao encontro e criação de novas possibilidades de conceber e tecer relações entre natureza e cultura, entre coletivos humanos e não-humanos, etc.. Por fim, esse espaço possui como horizonte a necessidade de pensar o “semelhante” e o “comum”. A “abertura” e o “fechamento”, a “diferença” e o “comum”, longe de se excluírem, são movimentos inversos e complementares sem o que, como afirma Achille Mbembe, para retomar um tema fanoniano, nenhuma “elevação em humanidade”, nenhuma crença neste mundo e nesta vida seriam possíveis.

 

Comissão Organizadora 

Prof. Cleber Daniel Lambert da Silva (Unilab)

Profa. Dra. Elizia Cristina Ferreira (Unilab)

Equipe de Apoio

Agostinho da Silva (Bach. em Humanidades)

Abdulai Djabi (Bach. em Humanidades)

Alassana Dem (Bach. em Humanidades)

Beatriz Borges (Bach. em Humanidades)

Braima Seidi (Bach. em Humanidades)

Carlos Sene Indjai (Bach. em Humanidades)

Dairine de Carvalho (Bach. em Humanidades)

Danilson Ivandro Gonçalves da Veiga (Bach. em Humanidades)

Débora Menezes (Bach. em Humanidades)

Mamadu Djalo (Bach. em Humanidades)

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